PAIS

Entendendo o Bullying


Por Breno Rosostolato

Bullying é um termo inglês originário de bully, que significa “valentão” ou “tiranete” que, especificamente, é aquele que abusa de sua autoridade ou posição para oprimir os que dele dependem. O termo bullying designa os atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Este comportamento agressivo possui uma forma direta como apelidos, xingamentos,roubos e gestos ofensivos. A forma indireta está relacionada com difamações, isolamento e indiferença, ou seja, quando a vítima está ausente.

Saber identificar o bullying é importante. Nem todo machucado ou arranhão é sinal de que a criança esteja sofrendo agressões. É sabido que os meninos, principalmente, possuem brincadeiras um pouco mais ríspidas. Natural. As crianças disputam brinquedos e depois que passa o conflito, brincam juntas novamente. Para se caracterizar o bullying as agressões devem ser frequentes, ou seja, repetidas e intencionais. A criança passa por situações que causam dor ou sofrimento todos os dias. Se há desequilíbrio de poder é bullying. Se existe uma diferença de dois anos é preciso intervir. Outros sinais que podem denunciar o bullying são quando a criança começa a dar muitas desculpas para não ir á escola. Chora, fica ansiosa e agitada instantes antes de ir para a escola. Se a criança tinha um bom rendimento escolar e, subitamente, este aproveitamento declina, é necessário averiguar o porquê disso.

Uma vez identificado, os pais devem procurar a escola imediatamente para interromper as agressões. É importanteidentificar e atuar diretamente com as crianças envolvidas. Se a escola nãoatuar, cabe aos pais procurarem o Conselho Tutelar para medidas diretas de proteção à vítima. Aos pais, o importante é conversar com o filho e deixar claro que a culpa não é dele. A criança deve sentir-se acolhida e confortável com o apoio dos pais.

A escola deve propiciar um espaço de confraternização, respeito e diálogo. Trabalhar questões de cidadania e valores são importantes para conscientizar os alunos sobre direitos e deveres. A prevenção é sempre a melhor maneira de encarar o problema do bullying, que muitas vezes é silencioso. Quanto mais cedo for identificado, mais eficazesserão os métodos de intervenção contra o ciclo conflituoso. A escola deve ainda convocar uma reunião com os pais dos alunos envolvidos. O trabalho deve serfeito junto à família, pois o envolvimento dos pais é importante para estabelecer uma parceria entre a família e a instituição. Os pais devem serexemplos para os filhos e devem participar da vida deles.

O professor possui um papel primordial para o combate ao bullying, pois, além de identificar autores, espectadores e alvos, deve intervir imediatamente numa situação de agressões gratuitas e propositivas entre os alunos. Este posicionamento do professor é de respeito e, portanto, exemplar. Muitas vezes, se colocar no lugar da vítima é uma maneira satisfatória para distinguir a brincadeira inocente e a brincadeira agressiva. O professor deve comunicar o ocorrido à direção.

Atividades que estimulam a solidariedade e a cooperação são os instrumentos que o professor deve se valer neste momento de conflito. Conversar com a sala de forma clara e direta sobre a importância de respeitar o colega. O trabalho didático deve proporcionar uma discussão sobre as diferenças, logo, trabalhando a tolerância.

As consequências do bullying para a criança, num primeiro momento são baixa estima choros frequentes, agitação e ansiedade, principalmente se estes comportamentos aparecerem um pouco antes da criança ir para a escola, medos inexplicáveis, insônia, falta de apetite ouapetite voraz e urinar na cama. Num segundo momento a criança apresenta stress, dores de cabeça e pode apresentar um comportamento melancólico, ou seja, isolamento. A criança não brinca mais como antes, se afasta dos amigos e fica em casa, evitando sair. Dificuldade de concentração e baixo rendimento escolar, dificuldades de relacionamento e mudanças constantes de humor são agravantes que acompanham o estado emocional desta criança. Num momento mais acentuado do bullying, esta criança pode apresentar síndrome do pânico, automutilação, como arrancar o cabelo, se furar ou se cortar, depressão e até suicídio. A psicoterapia é aconselhável em casos mais graves do bullying, em que é nítido um comprometimento e embotamento emocional. O trabalho psicoterápico é dar vazão ao conflito e a tensão sofrida pela criança, trabalhando o trauma e fornecer recursos para a criança superar as frustrações. Em casos mais extremos do problema, a psicoterapia deve resignificar as emoções negativas e destrutivas, afim de restabelecer a afetivamente, a serenidade e a espontaneidade da criança.

*Breno Rosostolato é professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina.

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